Seleção inclui empresas privatizadas (ou em vias de), casos reconhecidos de boa gestão e companhias beneficiadas pela queda dos juros
Após a forte aceleração no fim de 2023, que surpreendeu muitos especialistas, o cenário para Bolsa em 2024 é de otimismo renovado. O ingrediente extra são os fundamentos mais positivos, tanto no mercado interno quanto no exterior.
Segundo Jennie Li, estrategista de ações da XP, há espaço para que o investidor doméstico, tanto institucional quanto pessoa física, volte a se interessar pela Bolsa de forma mais consistente – um movimento correlacionado ao ciclo de queda dos juros.
“Outro ponto que sustenta nosso otimismo é o valuation, pois vemos a Bolsa em geral bastante descontada, tanto em relação à média histórica quanto às ações globais”, diz.
Nas contas do Santander, o Ibovespa aos 130 mil pontos deixa o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) ao redor de 8,5 vezes, frente a um histórico de cerca de 11 vezes. “Essa diferença deve ir se fechando à medida que os juros caírem”, diz Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora.
Seis casas de análise aponta as oito ações mais indicadas para 2024. A lista é liderada pela Sabesp (SBSP3), com quatro menções, seguida por Copel (CPLE6), Localiza (RENT3) e Vale (VALE3), com três. Com duas estão Equatorial (EQTL3), Itaú Unibanco (ITUB3), Mercado Livre (MELI34) e Prio (PRIO3).
Nas contas do Santander, o Ibovespa aos 130 mil pontos deixa o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) ao redor de 8,5 vezes, frente a um histórico de cerca de 11 vezes. “Essa diferença deve ir se fechando à medida que os juros caírem”, diz Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora.
Confira a seguir as oito ações mais recomendadas para 2024, a quantidade de indicações e os desempenhos em dezembro e no acumulado de 2023:
Ticker | Recomendações | Variação em dezembro/2023 (%) | Variação em 2023 (%) |
SBSP3 | 4 | 11,56 | 35,61 |
CPLE6 | 3 | 9,51 | 36,05 |
RENT3 | 3 | 6,68 | 23,00 |
VALE3 | 3 | 4,54 | -5,73 |
EQTL3 | 2 | 4,87 | 34,05 |
ITUB4 | 2 | 8,44 | 42,31 |
MELI34 | 2 | -2,85 | 69,46 |
PRIO3 | 2 | 0,42 | 23,96 |
Ibovespa | – | 5,38 | 22,28 |
Sabesp (SBSP3)
A expectativa pela privatização é o que norteia as análises sobre Sabesp. No BTG Pactual, a avaliação positiva está baseada, entre outros pontos, nas mudanças na regulamentação do setor. Já na visão da Ativa, apesar do risco político sempre presente, trata-se de uma tese de investimento que depende menos do ambiente macroeconômico.
“Uma vez privatizada, espera-se que a cultura da Sabesp mude, com melhora na eficiência, na geração de caixa e na margem de lucro”, afirma Serra. “A Sabesp possui muito valor a ser destravado.”
Copel (CPLE3)
Privatizada em agosto de 2023, a Copel passou a ser melhor vista pelos analistas. “A empresa agora tem uma nova vida, com uma trajetória esperada de ganhos de eficiência”, diz Serra, para quem a chance de venda de ativos valiosos, como Compagas, se destaca. Com expectativa de corte de despesas operacionais e prorrogação de concessões, a Ágora também sugere Copel, com preço-alvo de R$ 12,50 ao fim do ano.
Localiza (RENT3)
A tese de investimento da companhia de locação de veículos está ligada ao corte dos juros. “É uma empresa com cerca de 85% da dívida atrelada ao CDI. Claramente, o recuo da Selic vai refletir em menor despesa financeira”, explica Peretti, do Santander. Segundo ele, o segmento de veículos seminovos ganhou horizonte mais favorável a partir do quarto trimestre, e as ações estão descontadas em relação ao valuation histórico.
Vale (VALE3)
A mineradora é o nome preferido do BTG para investidores que buscam exposição ao crescimento da economia chinesa, após revisão para cima dos preços do minério de ferro. Analistas do banco dizem estar confiantes na melhora dos números de produção e vendas da Vale nos próximos trimestres, assim como na queda dos custos da empresa.
Equatorial (EQTL3)
A administração da Equatorial tem se mostrado comprometida com a geração de valor, avalia a XP – que tem a empresa como top pick no setor de energia elétrica. Entre as razões estão a expectativa de melhora nas operações de concessões recém adquiridas; a estratégia de gestão de alavancagem, que considera uma potencial reciclagem dos ativos; e novas vendas de negócios de transmissão.
Itaú Unibanco (ITUB4)
Quase consenso entre analistas, o Itaú é é visto como um papel que merece negociar com prêmio, mas dois fatores chamam atenção para o ano que vem: um novo ciclo de crédito após o caso Americanas (AMER3) e o possível aumento da parcela do lucro distribuída aos acionistas. Se isso acontecer, o retorno com proventos subiria de 5% para perto de 7% a 8% em 2024, calcula o Santander.
Mercado Livre (MELI34)
Líder no varejo online, o Mercado Livre tem conseguido crescer mesmo em um cenário de juros apertados no Brasil, destaca a Ativa. Com a redução das taxas, a tendência é seguir apresentando bons números, tese corroborada pelo desempenho da empresa na última Black Friday: recorde de vendas, com aumento de 80% no indicador GMV (receita bruta) ante 2022.
Prio (PRIO3)
A petrolífera ganha distinção de “acumuladora de retornos de longo prazo” por parte da XP, que vê boas perspectivas para 2024 com a entrada em operação do Campo de Wahoo e um elevado retorno de fluxo livre de geração de caixa, estimado em 20,3%. “Vemos Prio como o melhor jogador júnior brasileiro”, afirmam os analistas, destacando também o controle de custos e a captura de sinergias pela companhia.